Como as primeiras Comunidades Cristãs, as CEBs – movidas pelo Espírito Santo – atualizam o jeito de ser de Jesus de Nazaré. Elas fazem hoje o caminho que Jesus fez em sua época. Mas, qual foi esse caminho? Vejamos!
Maria grávida e José seu esposo tinham ido a Belém para o recenseamento. Enquanto estavam perambulando na cidade à procura de um abrigo, chegou a hora de Maria dar à luz. Tudo indica que – ainda no seio de sua mãe Maria e junto com seu pai José – Jesus foi “morador de rua”, pousando debaixo das “marquises” de Belém. Finalmente, alguém que estava passando – vendo a situação – ficou com pena e abriu um estábulo para que Maria pudesse dar à luz. Jesus nasceu numa manjedoura como “sem-teto”. “Não havia lugar para eles dentro de casa” (Lc 2,7).
Os que, em primeira mão, receberam a Boa Notícia do nascimento de Jesus foram os pastores, os “sem-terra” da época. “Eu anuncio a vocês a Boa-Notícia, que será uma grande alegria para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, nasceu para vocês um Salvador, que é o Messias, o Senhor” (Lc 2,10-11). Os pastores eram pessoas de má fama, mal vistos pelos poderosos e “pessoas de bem”, porque ocupavam as grandes propriedades de terra com seus rebanhos e – por necessidade de sobrevivência – vendiam seus produtos a preços exorbitantes. Segundo uma antiga lei, um pastor não podia ser juiz ou testemunha no tribunal. Não era considerado uma pessoa idônea.
Por que será que Jesus foi “morador de rua” ainda no seio de sua mãe, nasceu como “sem-teto” e anunciou a Boa-Notícia de seu nascimento aos “sem-terra”? Aos olhos dos poderosos e das “pessoas de bem”, de ontem e de hoje, não foi um comportamento absurdo e de muito mau gosto? Os critérios de Jesus não são radicalmente diferentes dos nossos? O que Ele quis nos dizer com isso? Pensemos!
Jesus manifestou-se aos reis magos – pessoas sábias que representavam todos os povos de todas as culturas – enfrentando a ganância e a obsessão pelo poder de Herodes. Jesus – juntamente com sua mãe Maria e seu pai José – fugiu para o Egito e se fez “migrante” para escapar à vingança assassina de Herodes.
Jesus cresceu, em sabedoria e graça, numa família pobre e – vivendo uma vida simples e anônima – trabalhou por muitos anos como operário, como carpinteiro com seu pai José. “Não é este o carpinteiro?” (Mc 6,3). “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 13,55).
Em sua vida pública – anunciando a Boa-Notícia do Reino de Deus a todos e a todas, mas “a partir da manjedoura” – Jesus, como o Profeta e o Enviado do Pai, sempre foi próximo, compassivo e solidário para com o povo: os doentes, os leprosos, os sofredores, os descartados, os pobres e todos aqueles e aquelas que não tinham voz e não tinham vez na sociedade. Jesus nunca morou numa mansão, num palácio “episcopal” ou qualquer outro palácio. “As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Mt 8,20).
Pela sua proximidade, compaixão e solidariedade tornou-se defensor intransigente do povo; denunciou, com indignação e firmeza, a hipocrisia dos fariseus e doutores da Lei. “Serpentes! Raça de cobras venenosas!” (Mt 23,33). Pela sua pregação, foi considerado subversivo. “Achamos este homem fazendo subversão entre o nosso povo” (Lc 23,2).
Jesus celebrou a última Ceia com os discípulos e – depois de lavar seus pés – disse: “Eu vos dei o exemplo para que vocês façam o que eu fiz” (Jo 13,16). Jesus morreu na Cruz por amor. “Ele, que tinha amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1). “O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros, assim como eu amei vocês. Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Vocês são meus amigos, se fizerem o que eu estou mandando” (Jo 15,12-14).
Jesus ressuscitou, venceu a morte e todos os males. Ele está vivo em nosso meio. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles” (Mt 18,20). “Eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20).
É esse o caminho que Jesus de Nazaré fez em sua vida terrena e é esse o caminho que as CEBs – com seu “trenzinho” – fazem hoje. Na imensa variedade de experiências, bonitas e profundamente humanas, as CEBs são o jeito de ser Igreja “a partir da manjedoura” de Belém e de tudo o que ela significa para nós hoje.
Enfim – pelo caminho que fez, a verdade que anunciou e a vida que viveu – Jesus é para as CEBs “o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14,6).